5 de dezembro de 2014

Onde Estão Escondidos os Bons Filmes de Terror?



   Filmes de terror são os nossos prediletos quando pensamos em ver alguma coisa, acredito até que se pegarmos todos os filmes que já assistimos juntos a maioria foi desse gênero, mas de todos esses provavelmente não conseguiremos um realmente muito bom para indicar para um amigo. O fato é que, as produções cinematográficas de terror de hoje em dia não são como as de alguns anos atrás, inclusive já nos perguntamos, os filmes de horror que caíram de qualidade ou fomos nós que crescemos e deixamos de nos envolver tanto com eles? É uma pergunta que fazemos para vocês leitores também.

   Uma obra cinematográfica de terror para ser excelente em nosso ponto de vista deve conter uma boa e intrigante narrativa aliada a sustos, mas além do que apenas isso, um sentimento de tensão, daqueles que nos perturbam mesmo depois do filme acabar, daquele medo que temos até de ir ao banheiro antes de dormir lembrando da história. Acho que o último filme que conseguiu fazer isso nos últimos anos foi Invocação do Mal. Mas nós assistimos juntos quatro produções de terror bem recentes nas últimas semanas e vamos contar pra vocês um pouco das nossas impressões.



   O primeiro filme é At the Devil's Door que tem uma trama, não só a princípio, bem confusa. Nós somos apresentados a Hannah (Ashley Rickards, a protagonista Jenna da série Awkward.) que por vontade de um namorado vende sua alma ao Diabo. Logo após esse início, sem muito entender, somos jogados para a vida de Leigh, uma corretora de imóveis e sua irmã Vera (Naya Rivera, a Santana de Glee). Não se entende qual a ligação delas com Hannah, até que o filme explica, mas nada tem o menor sentido. Não vamos revelar mais para vocês para não dar spoiler, mas o filme todo foi seguido por essas duas frases: “isso não tem sentido” e “que filme chato”.



  Assim na Terra Como no Inferno (As Above, So Below) foi o segundo assistido e ele é um Found Footage (filmes gravados com câmeras de mão, como se os próprios personagens tivessem gravando, para dar um tom realista), e esse tipo de produção, que ficou popular no terror com A Bruxa de Blair, incomoda muito o Bruno, mas surpreendentemente isso não o irritou neste filme! Um ponto bem legal dessa história é que ela pega um fato real como base da narrativa, as catacumbas que jazem sob Paris. É nesse subterrâneo cheio de corpos da capital da França, que o filme se baseia e passa toda sua ação. A protagonista Scarlett é uma historiadora e pesquisadora especialista em questões alquimistas, e vive pelo mundo em busca de objetos considerados históricos e sobrenaturais para estudo, mas sua grande meta é encontrar a Pedra Filosofal. Ela descobre que tal objeto está nessas catacumbas sob Paris. Ela reúne uma equipe e eles vão em busca da pedra. Daí por diante muito terror e medo passa a tomar conta tanto dos personagens, quanto do telespectador, e o filme consegue se encaminhar muito bem, cumprindo todos os requisitos, que citamos no segundo parágrafo, para ser um ótimo filme de terror até que chegamos na parte final. O filme passa a ser tão corrido, e ter umas resoluções e mortes tão toscas que acaba estragando muito do bom trabalho que tinha feito até então.
 

 

  O terceiro da lista é Ouija, e se baseia no famoso tabuleiro de comunicação com os mortos, que muitas vezes já adaptamos como o jogo do copo ou do compasso. E isso é um ponto interessante, quem nunca brincou desses jogos ou ouviu histórias que fulaninho brincou e morreu no outro dia? Mas vamos a sinopse, Ouija conta a história de duas amigas de infância, Debbie e Laine (Olívia Cooke, a Emma da série Bates Motel), que desde crianças brincavam com o tabuleiro Ouija. Depois de adulta Debbie volta a usar um desses tabuleiros e certo acontecimento faz Laine, sua irmã e mais três amigos também irem brincar com o jogo dos espíritos. Se você quer um terror típico adolescente, com muitos sustos clichês como, pessoas aparecendo do nada e portas batendo, esse é o filme certo, e cumpre muito bem esse papel. Nós dois realmente levamos muitos sustos assistindo, mas ele não nos deixou com aquele sentimento de tensão nem durante e muito menos depois de encerrado. As tramas também são super rasas, a história por trás do espírito maligno poderia ter sido muito mais abordada e alguns desfechos beiram ao ridículo.
 


   O último da lista é o australiano The Babadook, e aqui entra uma grande discordância entre o casal, enquanto Bruno adorou o filme, Victor não o achou uma boa produção de horror. A trama do filme é bem simples e acompanha uma mulher viúva e seu filho de seis anos que insiste que é perturbado por um monstro chamado Babadook. A criança não consegue deixar a mãe dormir e tem grandes ataques por causa disso, chegando a ser expulsa da escola. Ela demora a acreditar mas começa a ver evidências que esse monstro é real e passa a ser assombrada também. O filme é bem simples, sem grandes plots, se passa quase todo com os dois personagens dentro da casa e é muito linear, por esses motivos Victor o achou muito entediante e em nada parecendo um filme de terror, muito mais lembrando uma história de drama. Bruno concorda com esses pontos, mas para ele esses vêm a favor do filme. A simplicidade e a forma como tudo o fez se sentir tão tenso, assim como a mãe e o filho, pelo Babadook, o fizeram gostar da produção. Sim, o filme é um drama camuflado de filme de terror, e o monstro nada mais é que uma representação, que não vamos analisar aqui ou dizer do que se trata para não contar detalhes sobre o rumo final da obra, mas para Victor essa alegoria é feita de uma forma nada sútil e isso conta pontos contra o filme. Mas vale ressaltar ainda a ótima atuação da atriz Essie Davis, que nenhum de nós dois conhecíamos.

  Esses foram os quatro filmes de terror que queríamos dividir com os leitores, e agora esperamos saber de vocês, já assistiram algum deles ou querem assistir? Tem algum filme desse gênero para recomendar para vermos juntos como casal?

2 comentários:

  1. Sobre o Filme "Assim na terra, como no Inferno", gostaria de esclarecer alguns pontos que por ventura não foram claros para os autores do blog, Bruno e Victor.
    O filme foi extraordinário e extremamente conteudista. Acima da visão senso comum, que prega que os Alquimistas elaboraram a pedra filosofal com o poder de transformar a matéria em ouro, há a visão verdadeira e genuína da antiga alquimia. Os Alquimistas não procuravam transformar a matéria em ouro, mas sim a ALMA DO HOMEM em puro ouro, quando este enfrentasse seus medos, abrisse mão da materialidade da vida e expiasse por seus pecados.
    O filme trata exatamente desta temática, pouco conhecida. A protagonista deixa claro que não quer os tesouros que possa vir a encontrar, mas anseia por conhecimento. Todos os personagens, ao entrarem na terra em busca da pedra, simbolicamente estavam entrando na jornada espiritual para transformarem suas almas em ouro.
    Como vimos, todos eram assombrados pelos seus erros passados. E os que não se arrependeram, ou caíram na tentação da materialidade (na cena do ouro atrás das grades) acabaram mortos pelos seus motivos. No final, a protagonista resolve o mistério da pedra quando percebe que o verdadeiro caminho para transformar sua alma em "ouro", para desfrutar de todas as riquezas (espirituais) e para obter a vida eterna, era o perdão e a aceitação. Foi exatamente com estes sentidos que o filme terminou.
    Além disso, o filme trouxe uma referência maravilhosa do Dante Alighieri e sua Divina Comédia, um dos meus livros favoritos da Idade Média, ao mostrar a entrada para o submundo de onde lemos: "Deixai toda a esperança, ó vós que entrais." Eles estavam cada qual em seu submundo, pagando por seus erros. E quando a protagonista diz "Assim fora, como dentro, assim na terra, como no céu", uma ideia puramente gnóstica: Dentro de você pode haver um céu, ou um inferno. Externamos aquilo que somos, e absorvemos o mundo ao redor. Mas o céu ou o inferno, é cada um que faz, dentro de si mesmo.
    Como sou apaixonado por estes assuntos, e percebi que vocês acharam o final meio confusos, resolvi compartilhar este conhecimento para que as coisas fiquem um pouco mais claras. Obviamente se ainda assim não estiverem satisfeitos com o final do filme, bem, aí gosto é gosto... rsrsrs
    E eu adorei a capinha do blog.

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  2. Não achamos o final confuso, e sim corrido. O post não era só sobre o filme ou uma análise da mitologia por trás dele. O filme Babadook também é uma grande alegoria há algo (não vamos falar a que nem aqui nos comentários pra não dar spoilers) e bebe de uma referência muito grande do Expressionismo Alemão. Mas não era essa nossa intenção com esse texto, ficar esmiuçando ou detalhando cada mitologia ou referências dentro de cada filme.
    Mas adoramos o comentário, e obrigado pelo elogio!! E esperamos mais comentários!!

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